quinta-feira, abril 27, 2006

Contos de Fadas BLOGuil

O Gato de Botas

Era uma vez um jovem muito pobre, cujo pai morreu, e a única herança que lhe deixou fora um gato. Seu primeiro pensamento foi transformá-lo em um tamborim para tentar uma vaga na bateria da Mangueira, mas o gato, prevendo o triste destino que lhe acometeria, decidiu fazer-lhe uma proposta: se lhe desse um saco velho e um par de botas, faria dele o homem mais rico de todo o Reino.
O jovem achou um disparate aquilo tudo, mas pensou que, na pior das hipóteses, poderia levar seu gato falante ao Se Vira nos 30 e ganhar um bom dinheiro, e decidiu pagar para ver: deu ao felino seu único par de botas, e um saco velho de batatas que costumava usar como cobertor. O gato então iniciou seu sórdido plano. Colocando dentro do saco um pedaço de cenoura, fingiu-se de morto em um trigal próximo, esperando que algum coelho caísse em sua armadilha. Após ter de se esconder de um caminhão da Comlurb que por pouco não parou para recolher sua carcaça, o gato conseguiu atrair um coelhinho para sua armadilha, que, imaginando que o gato estivesse morto, entrou no saco para comer a cenoura e acabou capturado.
O jovem dono do gato ficou maravilhado, crente que naquela noite iriam comer coelho, mas o bichano o garantiu que o coelho fazia parte de seu plano. No dia seguinte, o gato levou o coelho para o Rei, identificando-se como emissário do Marquês de Rabicó, e dizendo que tal coelho era uma caça com a qual seu amo pretendia presentear o monarca. O Rei adorava coelho, de forma que aceitou o presente de bom grado, e pôs-se a imaginar quem seria tal Marquês, de quem ele nunca ouvira falar.
Mas o plano do gato não acabava por aí. Dia após dia ele arrumava novas caças com a ajuda de sua armadilha. No dia seguinte, presenteou o Rei com uma perdiz. Em seguida, com uma preá. No quarto dia, com um cervo. Quando já havia uma semana que o gato caçava com seu saco e entregava a caça ao Rei, seu jovem dono já estava desesperado, sem entender porquê o gato não se utilizava de seus talentos para levar comida para casa, e sim para dá-la a um Rei que já tinha um bando de caçadores à sua disposição. O jovem chegou a ameaçar comer o gato se ele fizesse isso novamente, mas, para sorte do felídeo, a última etapa de seu plano já estava em andamento.
O ardiloso gato, além de bom caçador, era um excelente repórter investigativo. Perguntando aqui e ali, ele tomou conhecimento de um castelo que pertencia a um ogro, que tinha o poder mágico de se transformar em qualquer animal vertebrado não-extinto. Tal ogro também era um usineiro, dono de terras até onde a vista alcança, onde plantava cana, e se tornava cada vez mais rico devido à alta do álcool combustível e à exploração dos pobres bóias-frias que para ele trabalhavam. Por fim, o gato descobriu que o Rei iria fazer um passeio de carruagem com sua filha, a Princesa, passeio este que passaria por um lago e pelas fronteiras do ogro, do qual o Rei não tinha conhecimento. Imediatamente, o gato viu ali a oportunidade perfeita, e pôs-se a trabalhar.
O primeiro passo foi oferecer uma refeição a cada bóia-fria, para que, quando o Rei os perguntasse de quem eram aquelas terras, respondessem que pertenciam ao Marquês de Rabicó. Como eles não faziam a menor idéia de quem fosse o dono daquelas terras, já que o ogro jamais saía de seu castelo, e ainda ganhariam comida de graça, aceitaram. O segundo passo foi fazer um complicado cálculo matemático para descobrir a que hora exata a comitiva real passaria pelo lago. Daí bastava apenas se livrar do ogro, coisa para a qual o gato também já tinha um plano.
Isto posto, o gato levou seu amo para o lago, e pediu para que ele tirasse a roupa e entrasse na água. Como estava precisando mesmo de um banho, o jovem obedeceu. Quando a comitiva real se aproximou, o gato correu para a estrada fazendo um grande escândalo, dizendo que o Marquês de Rabicó tivera suas vestes roubadas enquanto se banhava. O Rei, reconhecendo aquele gato tão gentil que lhe levara tantos presentes, ordenou que seus guardas o ajudassem. O jovem então foi arrastado para fora do lago por seis guardas reais, sem entender o que estava acontecendo, e achando que o gato tinha aprontado alguma que o levaria para a cadeia para enchê-lo de porrada. Qual não foi sua surpresa ao se ver sendo vestido com as roupas mais finas que já vira na vida, as quais o Rei tinha enviado um batedor ao castelo especialmente para apanhá-las de sua pilha de roupas velhas. Depois disso, o jovem foi saudado e cumprimentado pelo Rei, que o convidou a entrar em sua carruagem, sentar-se ao lado de sua filha, e aproveitar o passeio. O jovem não estava entendendo nada, mas sem dúvida aquilo era melhor do que ir para a prisão, então aceitou.
Enquanto isso, o gato foi ao lado do cocheiro, e o convenceu a passar pelas terras do ogro. O Rei ficou encantado com tamanha plantação de cana, e de vez em quando perguntava a quem ela pertencia, ao que era respondido que as terras eram do Marquês de Rabicó, fazendo com que o Rei, impressionado, cumprimentasse o jovem, que cada vez entendia menos o que acontecia. Para completar seu plano, o gato correu para o castelo do ogro, ao qual iria pedir para se transformar em um camundongo e comê-lo. Um plano perfeito.
Lá chegando, o gato pôs-se a conversar com o ogro, dizendo que duvidava que ele tivesse tal poder de se transformar em animais. Irritado, o ogro pegou um machado para matar o gato, mas depois reconsiderou e achou que seria bom se transformar em uns dois ou três animaizinhos para desenferrujar, já que não fazia isso há muito tempo. O ogro então perguntou que tipo de animal o gato gostaria de ver, ao que o felino respondeu um camundongo. Mas o ogro retrucou que camundongo era muito sem graça, e se transformou em um elefante. O gato retrucou que elefante era fácil, e que ele queria ver uma lagartixa. O ogro disse que não gostava de se transformar em répteis, pois eles tinham os pés gelados, e se transformou em hipopótamo. O gato riu e disse que qualquer um se transformava em hipopótamo, que ele queria ver o ogro se transformar em canário. O ogro replicou que canário era coisa de frutinha, e que ele ia se transformar em dodô, que na época ainda não estava extinto. Nisto, estava passando por ali um nobre inglês, que, ao ver o dodô, não pensou duas vezes, sacou de sua espingarda e o matou, para fazer um lindo troféu.
Assim, quando a comitiva real chegou ao castelo, o gato anunciou que aquele era o castelo do Marquês de Rabicó. O Rei, maravilhado, aceitou entregar a mão de sua única filha em casamento ao jovem amo do gato, que até hoje não sabe como aquilo aconteceu, nem quem seria esse tal de Marquês de Rabicó. Mas todos viveram felizes para sempre.

terça-feira, abril 25, 2006

Textos que não fui eu quem escreveu

"Apenas a língua portuguesa nos permite escrever isso:

Pedro Paulo Pereira Pinto, pequeno pintor português, pintava portas, paredes, portais. Porém, pediu para parar porque preferiu pintar panfletos. Partindo para Piracicaba, pintou prateleiras para poder progredir. Posteriormente, partiu para Pirapora. Pernoitando, prosseguiu para Paranavaí, pois pretendia praticar pinturas para pessoas pobres. Porém, pouco praticou, porque Padre Prado pediu para pintar panelas, porém posteriormente pintou pratos para poder pagar promessas. Pálido, porém personalizado, preferiu partir para Portugal para pedir permissão para papai para permanecer praticando pinturas, preferindo, portanto, Paris. Partindo para Paris, passou pelos Pirineus, pois pretendia pintá-los. Pareciam plácidos, porém, pesaroso, percebeu penhascos pedregosos, preferindo pintá-los parcialmente, pois perigosas pedras pareciam precipitar-se principalmente pelo Pico, porque pastores passavam pelas picadas para pedir pousada, provocando provavelmente pequenas perfurações, pois, pelo passo percorriam, permanentemente, possantes potrancas. Pisando Paris, permissão para pintar palácios pomposos, procurando pontos pitorescos, pois, para pintar pobreza, precisaria percorrer pontos perigosos, pestilentos, perniciosos, preferindo Pedro Paulo precaver-se. Profundas privações passou Pedro Paulo. Pensava poder prosseguir pintando, porém, pretas previsões passavam pelo pensamento, provocando profundos pesares, principalmente por pretender partir prontamente para Portugal. 'Povo previdente!' Pensava Pedro Paulo. 'Preciso partir para Portugal porque pedem para prestigiar patrícios, pintando principais portos portugueses. Paris! Paris!' Proferiu Pedro Paulo. 'Parto, porém penso pintá-la permanentemente, pois pretendo progredir.' Pisando Portugal, Pedro Paulo procurou pelos pais, porém, Papai Procópio partira para Província. Pedindo provisões, partiu prontamente, pois precisava pedir permissão para Papai Procópio para prosseguir praticando pinturas. Profundamente pálido, perfez percurso percorrido pelo pai. Pedindo permissão, penetrou pelo portão principal. Porém, Papai Procópio puxando-o pelo pescoço proferiu: 'Pediste permissão para praticar pintura, porém, praticando, pintas pior. Primo Pinduca pintou perfeitamente prima Petúnia. Porque pintas porcarias?' 'Papai', proferiu Pedro Paulo, 'pinto porque permitiste, porém, preferindo, poderei procurar profissão própria para poder provar perseverança, pois pretendo permanecer por Portugal.' Pegando Pedro Paulo pelo pulso, penetrou pelo patamar, procurando pelos pertences, partiu prontamente, pois pretendia pôr Pedro Paulo para praticar profissão perfeita: pedreiro! Passando pela ponte precisaram pescar para poderem prosseguir peregrinando. Primeiro, pegaram peixes pequenos, porém, passando pouco prazo, pegaram pacus, piaparas, pirarucus. Partindo pela picada próxima, pois pretendiam pernoitar pertinho, para procurar primo Péricles primeiro. Pisando por pedras pontudas, Papai Procópio procurou Péricles, primo próximo, pedreiro profissional perfeito. Poucas palavras proferiram, porém prometeu pagar pequena parcela para Péricles profissionalizar Pedro Paulo. Primeiramente Pedro Paulo pegava pedras, porém, Péricles pediu-lhe para pintar prédios, pois precisava pagar pintores práticos. Particularmente, Pedro Paulo preferia pintar prédios. Pereceu pintando prédios para Péricles, pois precipitou-se pelas paredes pintadas. Pobre Pedro Paulo, pereceu pintando... Permita-me, pois, pedir perdão pela paciência, pois pretendo parar para pensar... Para parar preciso pensar. Pensei. Portanto, pronto pararei.
E você ainda se acha o máximo quando consegue dizer 'O Rato Roeu a Rica Roupa do Rei de Roma'?"

domingo, abril 23, 2006

Recordar é Sofrer

Dez Pensamentos da Semana devidamente requentados!

"Ele se precipitou prematuramente."

"Esse ônibus passa lá em casa. Quer dizer, ele passa perto, porque se passar lá dentro ele vai destruir tudo."

"Eu não sou ninguém. Eu sou um barbantinho, uma pequenina escada de mão, o fim da calda, uma folha."

"O hardware é a parte mecânica do computador."

"O sofrimento deixa a pessoa triste."

"Pato novo não dá mergulho fundo."

"Quem não serve para servir não vive para viver."

"Se o mundo for uma versão Beta, devemos ser os Bugs."

"Software é o que a gente xinga. Hardware é o que a gente chuta."

"Vamos destruir o que não compreendemos."