Hoje apresentando: Comandos em Ação!
Coooooobraaa! Toda vez que este grito era ouvido, pode ter certeza de que os Comandos em Ação estavam prestes a frustrar mais um plano da famigerada organização terrorista. Contra-atacando com seu "Yo, Joe!" (e com muitos mísseis e balas de metralhadora), os "verdadeiros heróis americanos" estavam sempre dispostos a salvar o dia - e o planeta também, por que não?
Na atual conjuntura política mundial, esse enredo pode soar repugnante, mas a verdade é que na época muita gente se amarrava em torcer pelos Joes contra aqueles Cobras malvados. Criado em 1983 pela Marvel (isso mesmo, a do Homem-Aranha) em parceria com a produtora Sunbow e com a fabricante de brinquedos Hasbro, nos EUA o desenho dos Comandos em Ação passou até - pasmem - 1995. Aqui ele não teve vida tão longa, deve ter parado de passar logo no inicinho da década de 90, fora as eventuais reprises. Após a segunda temporada teve um "filme" (um desenho especial de duas horas) e, após o filme, os desenhos passaram a ser produzidos pela DIC. Por essa razão, muitos dos fãs só consideram como "oficiais" as duas primeiras temporadas e o filme.
A história era exatamente o que eu já contei: Uma organização terrorista chamada Cobra tenta incessantemente dominar o mundo, e o exército americano, representado pelos Comandos em Ação (que, no original, eram os G.I.Joe, que também era o nome original do desenho), homens e mulheres altamente treinados e munidos dos mais recentes avanços da tecnologia, sempre conseguiam impedi-los. O desenho se tornou infame não somente pelo enredo, que colocava os americanos como salvadores do mundo (uma idéia que vem de longe, eu diria), mas também porque, ao invés de balas, os personagens davam tiros laser (vermelhos para os Joes, azul para os Cobras) e mesmo assim NINGUÉM morria! Era só um avião explodir que lá estava o piloto pulando de pára-quedas. Era só um tanque se acidentar que lá vinha uma equipe de socorro salvar os tripulantes. Qualquer personagem baleado aparecia ao final do episódio todo enfaixado, e pronto para outra.
Mas, para os pais, a infâmia maior deve ter sido a enxurrada de brinquedos baseados na série que invadiu as lojas. Todos os anos, milhares de bonequinhos e veículos de ambos os lados eram adicionados à imensa e infindável coleção dos Comandos em Ação da Estrela. Quase ninguém deve ter uma coleção completa, porque, depois de um tempo, os antigos paravam de vender. Milhares de crianças brincavam com seus bonequinhos atropelando e jogando mísseis nos pobres Cobras. E, que eu saiba, nenhuma delas matou os coleguinhas quando cresceu, mas isso já é outra história.
Talvez devido ao anti-americanismo crescente no país, nunca mais Comandos em Ação foi reprisado. Talvez as crianças de hoje não acreditem mais nessas coisas.
Ah, sim, para os que devem estar se perguntando, G.I. é um termo da Segunda Guerra Mundial, que significa General Issue, ou "assuntos gerais", e era utilizado para denominar os batalhões que não eram de operações especiais. Um contrasenso, já que é impossível que, com todo aquele treinamento e equipamento, e com a função exclusiva de deter o Cobra, os Joes não sejam de operações especiais. Se não forem, imaginem quem o é!
