Hoje Apresentando: Aparelho de som!
Não, eu não enlouqueci. Aparelho de som existe até hoje. Mas nenhum é tão... er... complexo quanto os de antigamente. Se hoje você acha ruim os três-em-um que têm as caixas de som separadas, imagine se tudo fosse separado uns dos outros. E enorme. Pois um dia foi.
Eu me lembro do que tinha lá em casa. Era composto de seis partes, e ocupava uma estante inteira. A primeira parte era a famosa vitrola, onde a gente colocava para tocar os discos de vinil. A segunda parte era o rádio, com um botão de tuning enorme e redondo. A terceira parte era o toca-fitas, com direito a botões enormes e duros, aquele botão Rec vermelho (que, ao ser pressionado, levava o Play junto), e ainda um botão que eu nunca entendi para que servia, mas que deveria ser apertado em caso da fita sendo tocada ser de cromo. Não esqueçamos o famoso contador infinito, aquele que parece um odômetro e teoricamente mostra a posição da fita em um número contínuo, sem minutos, segundos nem nada. Exatamente por ser contínuo, você tinha a opção de zerá-lo a cada nova fita. Além disso, só poderia ser ouvida uma fita por vez, pois só havia um deck.
Bem, somando as duas caixas de som gigantes às três partes acima, temos cinco. A sexta era a mais interessante: o Receiver! Coitadinho, nem se dignaram a arrumar um nome em português. Mas era um aparelho tão enorme quanto os outros, do tamanho de um videocassete, onde todos os outros deveriam ser ligados, causando uma montoeira de fios, mais ou menos como atrás de um computador hoje em dia. Era ali que ficava o botão de liga-e-desliga e o do volume, e onde você selecionava se queria ouvir disco, fita ou rádio, além de um equalizador que usava ponteiros, parecia até medidor de contaminação radiativa. Uma coisa muito interessante é que a vitrola, o toca-fitas e o rádio não funcionavam se não estivessem conectados ao Receiver - embora cada um tivesse sua própria tomada, o que sempre me intrigou. Tudo bem que as tomadas também eram todas ligadas no Receiver, mas o que aconteceria se a gente resolvesse ligar na parede? Não havia sequer um botão para ligar o rádio no próprio rádio!
Um dia o toca-fitas deu defeito, e meu pai comprou um novo, com dois decks, capaz inclusive de gravar de uma fita para outra. Quando o Receiver deu defeito ele decidiu comprar um som portátil, que servia de rádio, toca-fitas e CD player, mais ou menos parecido com os de hoje. Nosso mitológico aparelho de som acabou vendido no dia da mudança. Às vezes eu acho que nem teríamos onde colocá-lo aqui em casa...